“Florença era sua havia quase setecentos anos. Quando estava em casa, passava os instantes antes do pôr do sol sempre naquele lugar, observando seu reino com um orgulho digno de Lúcifer. Aquilo era obra de suas mãos, fruto de seu trabalho, e ele exercia seu poder sem misericórdia.”
A Transformação de Raven é um livro escrito por Sylvain Reynard, mesmo autor do Inferno de Gabriel. Publicada em 2015 pela Editora Arqueiro, a obra é o primeiro livro da trilogia Noites em Florença.
Desde a idade média, Vampiros são um assunto comum nas obras literárias, desde o sanguinário Drácula ao brilhante Edward Cullen. Independentemente da referência ou da obra em questão, os seres da noite são sempre apontados como sinônimo de morte e trevas.
Raven, a protagonista, é a típica garota complexada. Em uma noite, enquanto andava pelas ruas de Florença, viu um mendigo sendo atacado por alguns homens e resolveu interferir. Mal sabia que a sua boa ação a transformaria em uma possível vítima de estupro.
Espancada, correndo risco de morte, a garota é salva por uma figura estranha, sendo suas últimas lembranças as palavras Cassita Vuleratus, pronunciada pela figura. Uma semana depois, Raven acorda sem lembranças, tendo passado por uma série de transformações. Sua deficiência física havia sumido, ela havia emagrecido, tornando-se um retrato da típica beleza que acreditava ser ideal. Sem entender o que estava acontecendo e sendo acusada do roubo das obras de Botticelli na galeria em que trabalhava, a garota decide começar sua própria investigação, saindo em busca de Willian York, um homem considerado como um fantasma em Florença.
Aos poucos, o Príncipe de Florença é apresentado na história como um homem sedutor, um amante inesquecível, e alguém impiedoso. O personagem em si já é um grande mistério. Diferentemente da maioria dos mocinhos tradicionais, o Príncipe é conhecido pela ausência de piedade e por seu reinado de mistério. Poucas pessoas sabem sua idade, ou os detalhes íntimos de sua vida.
Quando a leitura é iniciada, torna-se impossível parar. Os mistérios sobre a vida do Príncipe e o que fez com Raven engolem o público, despertando interesse por aquela história com poucos detalhes revelados. Até o final do livro, não é possível definir qual papel é exercido por ele: vilão ou mocinho, eis a questão.
Apesar do foco exagerado no amor erótico do Príncipe com a principal, é possível notar no fundo (bem no fundo mesmo) um amor romântico. Aquele amor típico dos romances tradicionais, com sacrifícios, fidelidade, e tudo o que manda o figurino. Uma parte em especial, bem fofa, é quando o Salvador diz a sua Cassita Vulneratus que para ele, ela era linda com suas características, e extremamente atraente, algo que para a garota complexa não era possível que alguém achasse.
Engana-se quem pensa que A Transformação de Raven é mais um romance tradicional. Pelo contrário, o romance é apenas um dos aspectos da obra, sendo essa composta por mistério, erotismo, aventura e conhecimento.
Isso mesmo, conhecimento! A cada página, descobre-se mais sobre a cidade de Florença, além de análises das obras de Botticelli e da arte clássica. Tanto que na folha de rosto é possível notar uma imagem em preto-e-branco sobre a cidade. Algo bem interessante é o design da obra, desde a capa com tons misteriosos, sendo o reflexo de toda a obra, além da inclusão da figura de Florença, e do quadro retratado na história.
Certamente, Noites em Florença é uma trilogia com potencial. No primeiro livro, a realidade dos seres da noite é apresentada, além do romance entre os dois principais. E o final? Fabuloso e inesperado. Rompendo com todas as expectativas, deixando aberta uma versão alternativa em que a maioria dos fãs do casal entra ou entrará em desespero. Será que o Príncipe realmente faria isso? monstro ou mocinho?
Ayllana Ferreira
Nenhum comentário:
Postar um comentário