‘Você só vive uma vez. É sua obrigação aproveitar a vida da melhor forma possível.’
Louisa Clark é uma jovem que não gosta muito de mudanças. Com 26 anos, mora com seus pais, trabalha como garçonete há mais de seis anos e tem um namoro estável com um rapaz que não parece se preocupar muito com ela. Vive sua vida de maneira normal sem grandes objetivos, e parece gostar disso.
Toda essa estabilidade desmorona quando seu chefe lhe dá a notícia: o café onde trabalha vai fechar. E ela, desempregada, começa desesperadamente a procurar emprego, pois na casa onde vive com seus pais, sua irmã solteira e seu sobrinho, sua renda é a principal fonte de sustento. Recorre à agência municipal de empregos, onde não consegue nada, principalmente por não ter experiência em coisa alguma.
Após tentar em alguns lugares, surge uma nova vaga: Uma família rica esta à procura de um cuidador para um tetraplégico. O contrato é de seis meses, mas o salário é ótimo. Lou hesita no começo, pois não se acha capaz de tal serviço. Ela acaba por fazer a entrevista e é contratada, mas descobre que as coisas são mais difíceis do que ele esperava.
Will é um rapaz grosseiro e antipático, totalmente infeliz com sua condição e que deixa claro que a presença de Lou não é bem vinda. Com o cotidiano, ela cria uma rotina que a deixa ser o menos perceptível possível. Ao chegar em casa, sempre desabafa que Will a odeia e a faz parecer burra.
Com o contato diário, eles acabam por criar laços, um relacionamento além do profissional, onde se tornam amigos e divertem-se juntos. A veracidade do livro é clara: não é possível que duas pessoas que convivam 12 horas diariamente não criem nenhum tipo de laço; um jovem, na sua plena idade de diversão e curtição, pode se tornar uma pessoa insuportavelmente grossa e reclusa depois de um acidente; há jovens que deixam as vidas irem passando pela comodidade, pela falta de motivação de fazer algo a mais. Quando você percebe isso também, percebe como tudo pode ser verdade, como Will e Lou se parecem com pessoas que convivemos… é um problema: se torna impossível largar o livro.
“Às vezes, Clark, você é a única coisa que me dá vontade de levantar da cama.”
Mas, inesperadamente, Louisa descobre o porquê de o contrato ser apenas de 6 meses de duração, e isso muda completamente o rumo das coisas. A partir daí ela traça, talvez pela primeira vez na vida, um objetivo: Mostrar para Will que a vida merece ser vivida.
Lou e Will começam a passar muito tempo juntos. Assistem a filmes, leem livros, visitam pontos turísticos da cidade. Quanto mais ficam juntos, mais aprendem um com o outro. Louisa aprende como uma pessoa consegue ser inteligente, engraçada, generosa, mesmo estando em uma situação terrível. Também começa a perceber como Will presta mais atenção nela do que seu namorado, Patrick, que só pensa em cortar carboidratos e academia. E os dois investem um no outro: enquanto Louisa gasta todas as suas energias planejando atividades diferentes para fazer com que Will se sinta vivo novamente, Will mostra a ela a sua própria capacidade de fazer coisas diferentes e sair da sua zona de conforto.
‘Como eu era antes de você’ deixa uma ressaca literária enorme. Você se apega a Lou e sua maneira cativante e alegre de viver a vida, se apega ao Will, e seu jeito rabugento e sarcástico, e você torce ardentemente pelo final feliz dos dois.
O livro é espetacular e vai além dos romances ‘água-com-açúcar’. Ele vem acompanhado de inúmeras lições: o preconceito com deficientes, as dificuldades da sua vida limitada, sobre transformações de vida, sobre generosidade e como podemos ajudar uns aos outros. Mesmo derramando rios de lágrimas, vale a pena a leitura.
“Estou lhe dando isso porque poucas coisas ainda me fazem feliz, e você é uma delas.”
Aline Minte
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