sábado, 13 de agosto de 2016

Resenha | Amada Imortal

Quando ou onde os Imortais surgiram ninguém sabe ao certo. Dotados de uma dificuldade em morrer, juntamente a habilidades mágicas que variam de indivíduo para individuo (Magick) e envelhecimento tardio, os seres sobrenaturais são considerados como pertencentes aos primórdios da humanidade.
Lilja, Hope ou Christina, vários nomes para uma mesma mulher que quando criança presenciou sua família ser massacrada pelos Invasores do Norte, visando roubar a poderosa Magick. 435 anos depois do ocorrido, atualmente conhecida como Nastasya, a sobrevivente do massacre busca esconder desesperadamente sua identidade. Para isso ela usa lentes de contato azul, cabelos tingidos de preto e um lenço no pescoço escondendo uma das marcas de seu passado.
Um dia, enquanto ia para uma festa com seus amigos imortais, a garota assistiu seu melhor amigo ferir cruelmente um mortal por mera diversão, e com o tipo mais escuro de Magick. Além disso, ele descobriu a marca em seu pescoço que revelava sua identidade. Sentindo-se como um ser sujo, e aterrorizada com a possibilidade de ser reconhecida, ela decide ir ao encontro de uma velha conhecida, que havia prometido um abrigo.

“Estava no meu sangue. Eu sabia. Uma escuridão. A escuridão. Eu a tinha herdado, assim como a imortalidade e os olhos negros. Eu tinha resistido quando era mais jovem Tinha fingido que não estava lá. Mas em algum momento no caminho, parei de lutar, cedi a ela. Por muito tempo, corri com ela ao lado. Mas naquela noite, a escuridão que me seguiu havia mais de quatrocentos anos despencava sobre mim com um peso sufocante, e agora eu odiava a coisa horrível que tinha me transformando”. (p.31)

Ao chegar ao tal lugar, Nastasya constatou tratar-se de um retiro para imortais que buscam redenção. Decepcionada com o que encontrou, a história do livro se transforma em um momento de reflexões um tanto rasas acerca do ciclo natural da vida. Depois disso, a garota resolve dar uma chance e permanecer no local. Porém, além de todos os conflitos internos e externos, ela encontra Reyin, um homem misterioso que a fascina de todas as formas possíveis, estando ligado diretamente ao seu passado.
Alguns pontos estruturais da Amada Imortal devem ser analisados. A história criada por Cate Tiernan é narrada em primeira pessoa e por isso, em alguns momentos, a obra adquire um tom coloquial demais, como o uso exagerado do conectivo “e”, além da repetição de palavras para enfatizar alguma cena ou sentimento, o que pode gerar certo cansaço no leitor. Além disso, observam-se alguns erros de impressão ao decorrer das páginas.



Quanto a edição, feita pela Editora Record, só restam elogios. O capricho da editora revela-se desde a capa detalhada com uma bela arte às paginas mais grossas, e com um material melhor.
A elaboração da personalidade e caráter de cada personagem também é motivo de elogios à autora. A Nastasya é uma raridade em meio a várias protagonistas frágeis e rainhas da auto piedade. A garota é forte, decidida e com um senso de humor divertidíssimo, podendo render boas risadas ao leitor:

 “Na verdade não sei – falei sem jeito – se for por algum motivo, é por causa do Reyin. Ela é louca por ele, e ele nem percebe. Mas obviamente Reyin e eu sempre evitaremos um ao outro. Ele é o demônio. Então se for por causa do Reyin, é uma perda do tempo dela. Mas não posso negar que ela parece estar no bonde dos que odeiam a Nastasya” (p.244)

Os outros personagens também saem do lugar comum, como o próprio Reyin. Geralmente a quedinha da principal é um cara nobre, apaixonado e disposto a tudo. Na primeira sequência de Amada Imortal não é possível determinar o caráter do rapaz. No entanto, uma coisa é clara, certamente ao decorrer da sequência, o personagem com um passado extremamente sangrento e cruel pode torna-se um herói, deixando a imagem de vilão para trás. Outro ponto interessante é a atmosfera de mistério sobre sua origem e sentimentos que perpetuam até as últimas páginas.
A história é extremamente bem construída, ligando todos os fatos e acontecimentos com extrema precisão, sem confundir o leitor acerca da sucessão e da cronologia, uma vez que flashbacks aparecem constantemente. O conteúdo em si é bem interessante, podendo atrair e prender o público em um desejo profundo para chegar logo ao final.
O final é encantador, deixando com um ar de quero mais. Porém, esse final maravilhoso pode se transformar no pior dos pesadelos, já que a trilogia Imortal é pouco conhecida e os preços das continuações são bem salgados.


Ayllana Ferreira

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