sábado, 21 de maio de 2016

Resenha | Quem é você, Alasca?

Quem é você, Alasca? foi o romance de estreia do Jonh Green no mundo literário. Publicado pela editora Dutton Juvenile em 2005 e atualmente, no Brasil, pela Editora Intrínseca. Dividida entre ANTES e DEPOIS, a obra retrata a busca do narrador pelo seu “Grande Talvez”. Quem é Você, Alasca? é aquele típico livro que se ama, ou odeia.





Toda pessoa, pelo menos uma vez, na vida já passou por uma crise existencial, aquele sentimento de “qual o motivo de estar vivo?”. Para Miles, o nome disso é o “Grande Talvez”, aquilo que passamos toda nossa vida procurando, e que justifica o porquê de nossa existência. Assim, o narrador resolve que para conseguir sua resposta, ele deveria deixar sua tediosa vida na Flórida e partir rumo ao internato Culver Creek, em busca de novas aventuras, e uma nova vida.
Posteriormente a chegada de Miles ao internato, Chep é introduzido, sendo popularmente conhecido como Coronel, o primeiro amigo do narrador, e a pessoa com quem ele divide a maior parte de suas aventuras. Possuidor de todos 1,65 de altura, Coronel é responsável pelos melhores trotes e pegadinhas do lugar.
Logo em seguida, Alasca Young é apresentada como dona de um sorriso enigmático e grandes olhos verdes. A construção de sua história e personalidade são as únicas coisas que tiram o ar de novela mexicana da obra, uma vez que, sem isso, poderia ser considerada um grande mar de exageros. Algo interessante sobre Alasca é que, desde o início, deixa o leitor pensativo a respeito de sua pergunta: “Como sair desse labirinto?”, estimulando várias reflexões acerca da vida da personagem, e sobre a vida pessoal.
Alasca é aquela típica garota pela qual todo garoto se apaixona, com um humor ácido, um papo atrativo e uma personalidade marcante. Se duas palavras fossem escolhidas para representar Alasca Young, certamente bipolar e enigmática seriam elas.
No ANTES, conhecemos um pouco mais dos integrantes do internato e de suas vidas. É nessa parte também que surge a primeira paixão/obsessão. Dizer que Miles era apaixonado por Alasca é simplificar demais o sentimento. Para o garoto, tudo é Alasca, o mundo gira em torno dela. E é nessa parte também que observamos certa evolução dos estágios de vida do protagonista:
Primeira cerveja. Primeiro trote. Primeiro amigo. Primeiro amor. Últimas palavras.”
No DEPOIS, novamente Alasca é o foco. Porém nessa parte, as aventuras e o humor são deixados de lado, para um sentimentalismo potente do Miles... Inquestionavelmente, é nessa parte que a história se torna pouco aproveitada. Em vez de dar foco na depressão, tudo se torna ALASCA, ALASCA e ALASCA. "Será que a Alasca gosta de mim? Por que a Alasca disse que continuaríamos depois, sendo que não terminou com o Jake?" E mais divagações sem fim sobre ela.
É possível concluir que Jonh Green poderia ter desenvolvido melhor a história. Compreende-se que ao nomear a obra como “Quem é você, Alasca?”, haveria uma análise da personagem, dos seus hábitos e das suas características. Porém isso não ocorre. Como diz o próprio Coronel, o DEPOIS retrata o Miles tentando compreender uma relação imaginária entre ele e Alasca, em que a menina é divinizada, esquecendo todas as coisas erradas que ela fazia.
No final, nada daquilo que foi introduzido no início da obra foi resolvido. Não sabemos o que realmente aconteceu. Não descobrimos quem era Alasca, muito menos se o protagonista conseguiu realizar o seu “Grande Talvez”. Só recebemos mais um questionamento sobre “Como fugir do labirinto”. Foi um final parecido com Dom Casmurro, no qual a gente decide no que acredita, criando nossas próprias interpretações. Isso pode ser um incentivo ou um obstáculo, dependendo da visão do leitor.

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