sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Resenha | Desafio de Ferro

O Desafio de Ferro é um livro escrito pelas autoras Holly Black e Cassandra Clare, publicado no Brasil pelo selo #irado, da Editora Novo Conceito, em 2014. Narrada em terceira pessoa e com uma linguagem mais infantil do que as habituais das autoras, a obra foca nas aventuras e histórias de Callum Hunt no Magisterium.



            A guerra estava acontecendo, de um lado O Devorador do Caos, e do outro os magos do Magisterium. Todos os feridos, idosos e incapacitados de lutar haviam sido encaminhados a uma caverna para proteção. No prólogo, Alastair Hunt está indo rumo a esse local conferir o estado deles, além de reencontrar sua esposa que acabara de dar a luz ao seu primeiro filho.
            Após chegar, o homem se viu em meio a um cenário de um massacre. O inimigo havia matado cruelmente todas as pessoas, incluindo sua amada. Enquanto percorria a caverna já sem esperança, ele escuta um choro. Seu filho estava vivo, e embaixo do corpo inanimado de sua mulher. Porém, algo está errado. A perna da criança está quebrada em um ângulo surreal, e em cima de sua cabeça há um escrito aparentemente feito por ela antes de morrer: “MATE A CRIANÇA”.
            Alastair se negou a matar seu único filho e a última lembrança de seu amor. Tentando ser o melhor pai possível, e evitar que seu filho sofresse o destino que lhe fora previsto, ele aterroriza e traumatiza o sobrevivente quanto ao Magisterium, ensinando-o que os magos matam pessoas inocentes, sendo um lugar no qual deveria manter distância. Além disso, ele esconde de Callum – o garoto - a verdade por trás do dia de seu nascimento.
Um dia, porém, tudo dá errado. O menino é obrigado a participar de um teste em que descobriria se tinha magia e, caso o resultado fosse positivo, seria obrigado a se tornar um aprendiz do Magisterium. Mesmo tentando falhar de todas as maneiras possíveis, Call falha em falhar, sendo obrigado a se afastar de seu pai e ir embora estudar por um ano no local que sempre fora ensinado a temer.      
O Magisterium revela-se como um local dos sonhos para Callum, com boas pessoas, além de lhe ensinar como usar os seus poderes. Assim, o garoto começa a perceber que aquela visão transmitida pelo pai não é verdadeira.
“Será que vai ser difícil desistir de tudo isso?”, ele se perguntou. Call pensou que poderia ser um mago e brincar com bolhas e transformar o ar em uma tela de cinema. Imaginou que era bom nessa coisa de magia, que poderia se tornar até mesmo um mestre. “Porém, a imagem de seu pai sentado sozinho à mesa da cozinha o afligiu e ele se sentiu péssimo.”
            Com o passar dos dias, a saudade de seu genitor fica cada vez maior. Em uma noite, Call decide invadir o escritório de seu mestre para tentar contato com o pai. Mas, ao chegar lá, ele encontra uma correspondência de Alastair para o seu mestre que o deixa pensativo sobre sua identidade, fazendo-o questionar sobre quem realmente é. Perdido e com medo da verdade, o menino encontra conforto na companhia de seus dois colegas aprendizes, e amigos, Tamara e Aaron.
Certamente, a forma escolhida pelas autoras para apresentar o mundo do Magisterium ao seu leitor é algo surpreendente. Com muitos detalhes e com uma narrativa que flui desde o princípio, elas apresentam-no como um mundo mágico e cheio de mistérios, que é o sonho de toda criança, inclusive do próprio principal.
Alguns pontos da narrativa de O Desafio de Ferro são bem parecidos com Percy Jackson, como as aventuras e até mesmo encrencas do garoto. Callum é um menino corajoso e forte que desde criança sofreu várias limitações por culpa de sua perna, desde a proibição a praticar certas atividades à ausência de amigos. Contudo, ao entrar no Magisterium, tudo muda. A mágica permite que o garoto vença grande parte de suas limitações, além de encontrar pessoas que realmente aceitam-no como é.
O protagonista é aquele típico personagem carismático, que faz o seu leitor sofrer e torcer por ele, acreditar no seu potencial e ter a certeza de que a grandeza é o seu destino.
Um ponto bem interessante da obra é ver a forma com que os elementos mágicos foram representados, além de uma explicação implícita sobre os motivos da Guerra:
“O Fogo quer queimar
A água quer fluir
O ar quer se erguer
A terra quer unir
O caos quer devorar”
             A construção da história do Desafio de Ferro é encantadora. A escolha de cenários e os detalhes não ficam para trás. A simplicidade que ao mesmo tempo convida e cativa é o ponto forte da obra. É interessante reparar que o estilo de escrita da Holly Black domina, visto que é o típico livro destinado a um público mais juvenil. A obra é como conquista por sua inocência e pureza.
            O final é surpreendente, e novamente deixa o leitor pensativo e curioso sobre o que realmente acontecerá com Call. Será que uma pessoa pode fugir do seu destino? Uma pessoa má pode se transformar em boa? Dentre várias outras perguntas.
Ayllana Ferreira

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