Delírio é o nome de um livro escrito por
Lauren Oliver, publicado no Brasil pela editora Intrínseca em 2011. Narrada em
primeira pessoa, a obra é um romance distópico sobre uma sociedade em que encontraram
a cura para o amor.
“As doenças mais perigosas são
aquelas que nos fazem acreditar que estamos bem.
— Provérbio 42, Manual de SSF” (p.4)
Em uma sociedade futurística, o amor é o
culpado pela guerra, pelas mortes e pelo ódio, sendo denominado de delira. Assim, para livrar a sociedade de tal mal, o
governo começa a fazer uma série de experiências neurais nas pessoas em busca
de uma cura. Algum tempo depois, ela é descoberta, e o tratamento torna-se
obrigatório.
Lena é a protagonista da obra, e também
uma das personagens mais fortes e “inocentes” das distopias tradicionais. Desde
criança, a garota foi ensinada pela tia – pessoa que cuidou dela após a morte
de sua mãe – a temer e não desejar o delira, visto que fora o responsável pela
morte daquela. A mãe da garota, ao contrário das pessoas da cidade, preferiu
morrer a ter o seu amor arrancado:
"Dizem que
antigamente o amor levava as pessoas à loucura. Isso é ruim o bastante. A Shhh
(Suma de hábitos, higiene e harmonia) também conta histórias sobre aqueles que
morram por causa de amores perdidos ou nunca encontrados, e isso é o que mais
me assusta. É o mais mortal entre todos os males: Você pode morrer de amor ou
da falta dele." (p.9)
A sociedade da obra é bem semelhante à
de Divergente, uma vez que em certa idade, todos os jovens são obrigados a
participar de um teste para descobrir suas aptidões, e decidir com qual
parceiro serão emparelhados (parecido com o teste para a escolha de facções). E
é nesse dia, após a declaração de uma amiga e um momento de autorreflexão, que
Lena descobre que talvez, a forma com que viveu até aquele momento seja errada.
No mesmo dia, além de falhar nas respostas que deveria dar, a menina encontrou
Alex, um “curado” que faria com que ela repensasse sobre o amor.
Algo bonito e poético é ver a forma com
que a autora resolveu tratar o sentimento. Mesmo sendo retratado como uma
doença em alguns pontos, em outros, através de várias perspectivas e olhares
apresentados, é possível reparar uma visão pura e simples sobre o que o sentimento
representa para as pessoas apaixonadas. Além disso, a forma que a autora
escolhe para descrever “as primeiras sensações amorosas” da personagem
assemelha-se a um conto de fadas, como algo surreal, mágico e surpreendente.
A construção da narrativa é bem
interessante, visto que desde o início é introduzido o medo que a protagonista
tem do delira, incluindo a necessidade mais que urgente dela de se livrar de
qualquer chance de contaminação (a doença era tratada como algo capaz de ser
transmitido). Ao decorrer das páginas, é possível ver a evolução dela, deixando
para traz a imagem da garota medrosa e inocente, para se tornar alguém disposta
a lutar pelos seus sentimentos. Outro ponto bem interessante é ver o desenrolar
da história, inclusive, toda a manipulação por baixo da ação benevolente do
Estado de curar outras pessoas.
“Prefiro morrer
do meu jeito a viver do seu” (p.332)
A narrativa de Oliver flui, é aquela conhecida
obra que nos deixa com vontade de ir até o final. Porém, em alguns pontos e construções,
é bem semelhante a outras distopias mais populares, além de possuir clichês que
algumas vezes tornam-se excessivos. Posteriormente, a forma escolhida para
finalizar é bem tentadora, visto que deixa várias opções na mente do leitor de
como a história realmente deve ter terminado.
A edição do livro é magnífica. A capa é
metalizada, bem diferente do padrão. O título sobrepõe um rosto, e é bem
atrativo. A fonte escolhida para a passagem de capítulos é bonita e clássica,
algo que dá um toque refinado a obra.
Por Ayllana Ferreira
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