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As
histórias do detetive Sherlock Holmes e de seu parceiro Watson são referências
no assunto de literatura policial. Assim, a editora Zahar lançou uma coleção de
obras ilustradas e comentadas do personagem. Certamente, a estruturação
escolhida foi um dos maiores acertos. As ilustrações distribuídas ao longo das
páginas quebram o ritmo de leitura, suavizando e exemplificando a história. Já
as notas comentadas servem de glossário para que o leitor compreenda o contexto
e as citações pronunciadas ao longo das páginas.
“Um Estudo Em Vermelho” é um dos livros
dessa nova coleção. Escrita por Arthur Conan Doyle e publicada no Brasil pela
editora Zahar em 2009, a obra retrata o primeiro encontro entre Sherlock Holmes
e Sr.Watson em um dos casos “mais polêmicos do detetive”. Para a própria
editora, e até mesmo para os críticos, o exemplar é fundamental para aqueles
que desejam ingressar e conhecer as histórias do famoso morador de 221B, Baker
Street.
Narrado em primeira pessoa, o livro é
como um diário. Watson acaba de voltar da guerra, e para sua surpresa, além dos
ferimentos que lhe foram causados, a batalha também fora responsável por
aflorar a solidão. Assim, ele decide buscar um companheiro para dividir
apartamento, e resolver esse mal.
Após um encontro com um velho conhecido,
ele consegue a resposta para seus problemas. Sherlock Holmes, um homem
misterioso, enigmático e excêntrico, busca um companheiro de quarto. Algo
estranho sobre a obra é que mesmo sem introduzir os feitos deste personagem, já
é possível notar certa bajulação do autor, como se desde o início, tentasse
demonstrar ao público que o detetive é um elo perdido, um gênio e um ser único.
A cada página que se passa, é possível concluir
algumas coisas. Por trás da imagem de misterioso e excêntrico, existe sim um
detetive que faz jus a todos esses elogios, porém, preenchido por um manto de
arrogância. Um dos maiores defeitos, ou talvez qualidades (depende do ponto de
vista) é a forma com que o personagem é apresentado. Sherlock Holmes acaba se
tornando mais um típico personagem 8 ou 80, daqueles que se ama ou odeia.
“‘Dizem que gênio é uma capacidade infinita de se esforçar’ observou com um sorriso. ‘É uma definição muito ruim, mas aplica-se ao trabalho de detetive.’”
Depois
de muita apresentação e enrolação, o primeiro caso do detetive aparece, e ele
dá ao seu colega de apartamento, Watson, uma chance de acompanhar de perto como
acontece uma investigação policial. Provas aparecem indicando um lado, porém,
Holmes é “muito mais que um mero detetive”, e consegue ver além de tudo isso,
encontrando a verdade por baixo de todo aquele disfarce.
É nesse contexto que aparece outro benefício da escolha editorial feita pela Zahar. Em vez de apresentar todos os fatos de uma só vez, a história é dividida em três partes: o diário do Watson, a história do criminoso e o motivo do crime, e por último, o diário de Watson novamente para concluir a investigação. E isso resulta em uma leitura dinâmica, que pode instigar e motivar o leitor na busca de um por que para tudo aquilo. Outro benefício é que faz com a história se torne muito mais organizada, possibilitando que sejamos capazes de resolver o mistério, assim como Holmes.
“Deixemos que deus julgue entre nós. Escolha uma e engula. Há morte em uma e vida na outra. Engolirei a que você deixar. Vejamos se há justiça sobre a terra.”
“Um
Estudo em Vermelho” é um bom livro para os adoradores da literatura policial,
porém, para aqueles que estão iniciando no estilo agora, e têm apenas essa obra
como referência, pode provocar certa decepção e até mesmo desânimo para se
aventurar novamente no estilo. Inquestionavelmente, a dupla formada por
Sherlock Holmes e Watson é incomparável. A forma escrita enaltece Holmes,
transformando-o em um ser quase “mágico” de tão genial. Porém, para aqueles que
acharam o personagem extremamente pretensioso e arrogante, isso pode gerar
certa antipatia no decorrer das páginas.
Por Ayllana Ferreira
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